Revirando escritos do passado, me deparei com um texto que escrevi em 16 de agosto de 1975, que vou reproduzir tal e qual, com o intensão de que possa ser útil para a reflexão, pois, me parece ser ainda “atual”. Eis o texto:

“Senhor quem és? Onde vives? Não te compreendo. Não entras dento de meus raciocínios. Tu me contradizes! Ora penso ter-te encontrado, logo em seguida minhas atitudes me desmentem. És, porventura, alguma contradição, irracional? Quisera tanto que te adequasses dentro de meus esquemas! Mas tu me escapas e eu te busco em novas formas, em tentativas completas. Tens prazer em atormentar-me? Brincas comigo? Vejas que não sou mais criança! Por quem me tens? Por um ignorante, analfabeto, pretencioso? Sabes que quero viver a vida plenamente? Por que me impedes? Se és tu, por que te tornas tão difícil e não te mostras claramente segundo minha inteligência possa satisfazer-me? Não te acho nas evidências e conclusões dos meus raciocínios lógicos nem nos meus cálculos somados eletronicamente.

O que satisfaz minhas razões, não sacia minha constante inquietação de tua procura. É preciso estudar mais para encontrar-te? Em que faculdade? Que universidade dá teu diploma? Atrás de que livros te refugias? Afinal, algum computador de programa? – algum cientista detém a hipótese que te comprovam? – alguma S/A te contratou com tempo integral? – alguma máquina te produz em série? Algum comerciante te negocia em dólares? Que time retém teu passe? Que empresa te transporta? Que rádio te sintoniza? Em que TV vai ao ar teus programas? Em que novela és galã? Em que “heat parede” cantas teus sucessos? Algum detetive te protege? Que armas te defendem? Fugiste? Temeste o homem que viestes salvar? Não te comunicas? Emudecestes para o mundo? O paraíso está lotado? Não há mais vagas, por isso te retirastes de cena, ou é como dizem: “Deus está morto”! onde te sepultaram? Roubaram teu corpo?

Como vês: nossa inteligência não te equaciona, nossas pesquisas não te detectam, nossas técnicas não te produzem, nossas riquezas não te possuem. Nossos métodos falharam! Não obstante todos se desesperam sem ti!

Senhor, os caminhos que nos tornam autossuficientes te escondem de nós. Andas por detrás das aparências! Acima de nossos sucessos! É preciso buscar-te sob outra perspectiva. É preciso arriscarmos na fé e te encontrar em cada gesto da natureza, em cada acontecimento da história e sobretudo em cada ser humano. É nele que habitas. De tão humano que te tornastes, não vemos tua grandeza divina. Dissestes, é no amor que te identificamos. Para amar é preciso sair de nossas fronteiras, de nosso “si mesmo”. Há, portanto, duas alternativas: optar por ti ou contra ti. E diante deste paradoxo: ou nos endeusamos e te perdemos ou nos perdemos em ti e tu te revelas a nós. Só assim podes viver em nós a cada instante e nós em ti, eternamente”.

Na época deste escrito ainda não tinha chegado a era do celular. Cito isso porque talvez, alguns possam estar procurando no WhatsApp ou Instagram ou no google um deus para si. Sinto dizer que o equívoco é o mesmo de quem antes procurava no início da computação um deus ali escondido. Não foi lá e nem será aqui. O lugar privilegiado do encontro continua sendo no amor amado do jeito amado pelo Senhor!

Diacono João Gualberto SDS

  Autor:

P. Deolino Pedro Baldissera, sds