
Celebramos novamente a Páscoa, nossa principal festa cristã. Celebramos a Ressurreição de Cristo. Este é o fato mais importante da história da humanidade, embora muitos não o reconheçam! Na verdade, trata-se de um mistério de nossa fé! O fato de ser mistério não significa que incompreensível. Nós conseguimos entender até onde nossa inteligência é capaz e nossa fé alcança. O mistério sempre ultrapassa os horizontes humanos e se insere na esfera do Divino.
Ouvimos do Evangelho de João que no primeiro dia as semana (domingo) Maria Madalena foi ao túmulo ainda de madrugada, encontrou-o aberto, sem o corpo que procurava. Pensou que alguém o tivesse levado. Contou a Pedro e João que foram correndo verificar. Encontraram os panos que envolveram o corpo, o discípulo que amava o Senhor, viu e acreditou!
A ressurreição de Jesus é um fato histórico testemunhada não só pelos discípulos de Jesus, mas por muita gente como São Paulo diz: mais de quinhentos. Não só as aparições do Ressuscitado são testemunhas de sua Ressurreição, mas também o que aconteceu depois dela na vida dos apóstolos e outros seguidores. Prova ainda da ressurreição de Cristo, é o fato dela ter acontecido há mais de dois mil anos e continua presente nos corações dos milhões que hoje “creem sem ter visto”! Não podemos imaginar que tantas pessoas que creem na Ressurreição sejam tolas ou ignorantes com mentalidade arcaica. Pelo contrário é o que sustenta e dá sentido à vida de todos eles desde as mais simples até as mais cultas.
A ressurreição de Cristo trouxe uma esperança de que a vida não termina no cemitério. Sua palavra transmitida pelos Evangelhos e cartas dos apóstolos nos falam que “quem com Cristo morre com Ele ressuscita”. Nós professamos em nosso credo: “... creio na ressurreição da carne...”. Diante disso faz sentido rezarmos pelos nossos falecidos recomendando-os à misericórdia de Deus, caso contrário seria vã e mesquinha nossa crença e esperança.
Quando celebramos a festa da Páscoa cada ano não é apenas uma recordação do fato histórico, é sim, a celebração de um acontecimento novo que irradia luz nova e renova nossa vida e estimula a vivermos de acordo com o que professamos.
Nós costumamos desejar uns aos outros “feliz Páscoa”. Nesse desejo está implícito a alegria de nos sentirmos salvos pela morte e ressurreição de Cristo. Este desejo proclama a certeza da vida eterna no ressuscitado. A Páscoa simbolizada no círio Pascal aceso e presente nos batismos de novos cristãos, nos lembra que ela é luz para nossa vida e em sua Luz somos convidados a sermos também luz no mundo.
Celebremos a Páscoa com a mente e o coração. A mente que nos faz aceitar o mistério que nela está presente, o coração que nos faz experimentá-la como realidade profunda que preenche nossos espaços íntimos e direciona nosso agir cotidiano.
Que tenhamos todos uma “Feliz Páscoa” permanente e jubilosa reacendendo nossa fé e esperança, como peregrino que somos, andantes em direção da plena vida no Ressuscitado.
FELIZ PÁSCOA – ALELUIA –SHALON, CRISTO RESSUSCITOU!
ORAÇÃO
Senhor Ressuscitado, que alegria nos dás com tua Ressurreição. É a certeza da nossa também. Tu disseste quem contigo morre, contigo ressuscita.
Senhor que tua ressurreição traga paz ao nosso mundo tão conturbado pelas guerras e desavenças por causa das lutas comerciais. Que tua luz ilumine os nossos caminhos que andam muito desumanos, ilumina os de agora e do futuro!
Acende em nós o fogo de teu amor para que possamos propagá-lo nas escuridões de nosso mundo.
Senhor Ressuscitado, acenda em nossa vida novo ardor, afugenta as trevas das doenças que nos afligem. Restaura a esperança, queremos ser “peregrinos de esperança”, para vivermos na certeza de que andas conosco. Aumenta nossa fé para que ela seja mais forte e testemunhe tua ressurreição!
Reabre os corações que estão fechados no tumulo do próprio egoísmo, enche-os com teu amor. Infunde coragem aos desanimados e levanta os caídos e sofredores. Entra na vida de todos para que tenhamos um mundo novo, mais humano e solidário.
Senhor Ressuscitado fica conosco para que não haja mais escuridão que nos amedronte. Tua paz, primeiro dom que deste após a ressurreição, encha com ela a vida de todos. Teu shalon penetre no mundo inteiro e afaste de nós os males causados pelas guerras. Que ela permanece hoje e sempre! E assim vivamos com muita alegria a Feliz Páscoa que nos dás. Amém!

Autor:
P. Deolino Pedro Baldissera, sds

No sábado santo celebramos a vigília pascal. É uma celebração cheia de rituais que apontam para a Ressurreição. Já no início, o primeiro grande sinal é o Círio Pascal, a nova luz que se acende para iluminar o mundo mergulhado nas trevas da morte. O Círio é apresentado com: “eis a luz de Cristo”! ao que todos respondem: ”demos graças a Deus”!
Na sequência da litúrgica é feita a proclamação da Páscoa o “exultet”! O grande hino que faz memória, unindo o passado ao presente em Cristo. Ele aparece como o vencedor das trevas e brilha como luz.
Feita esta proclamação, a liturgia da Palavra apresenta várias leituras do Antigo e Novo Testamentos, recordando a história da salvação. Os salmos intercalados às leituras convidam à interiorização da Palavra ouvida. O Evangelho recorda o amanhecer do dia, o primeiro dia da semana! O dia do Senhor ressuscitado! São duas Marias que vão ao sepulcro. Perto dele recebem a notícia dada pelo anjo: “Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou como havia dito. Vinde ver o lugar em que estava. Ide de pressa contar aos discípulos que Ele ressuscitou dos mortos e que vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis!
Que notícia inesperada e tão alvissareira! As Marias que iam tristes velar o corpo, não o encontram e voltam radiantes com o que ouviram e viram. Ele ressuscitou! Está vivo e vai mostrar-se na Galileia! Cumpria-se a palavra que Jesus já havia dito e os discípulos não haviam entendido. Agora O verão e tudo vai mudar. Serão convocados e enviados para anunciar a todos as maravilhas operadas por Deus.
Na bênção da água que se faz em seguida temos outro símbolo que se conecta diretamente com a vida. Sem ela a vida não se sustenta. Jesus já com a samaritana dissera que tinha uma água viva e quem dela bebesse não morreria. Essa água que se torna símbolo do sacramento que restaura a vida pelo batismo. Aspergida sobre nós recorda o novo nascimento! Na renovação das promessas batismais renunciamos as ações do demônio e professamos a fé no ressuscitado que desceu à mansão dos mortos e subiu ao céu onde está sentado à direita do Pai.
Noite da vigília pascal é noite que traz claridade que jamais deve ser esquecida. É noite-dia que se pereniza. A noite das trevas jamais serão as mesmas e não terão mais poder sobre a luz. Foram vencidas.
O sábado que na tradição judaica era dia de descanso e de ouvir a Torá, dia em que todos eram chamados a isso, não só os humanos, mas também os animais que os serviam. Esse dia sagrado, dará lugar na vida dos cristãos ao domingo, dia do Senhor! Não é apenas uma troca de dia da semana, é sim um sentido novo que se incorpora nesse primeiro dia da semana. Ele é um dia que começa uma nova humanidade, porque uma nova criação está em curso com o ressuscitado na frente!
Celebremos o Sábado Santo com toda a piedade e devoção, gozando já a sensação do domingo de Páscoa que vai emergir com o clarear do novo sol radiante no horizonte, mas muito mais com o sol da nova jornada que não vai conhecer ocaso!
Oração
Senhor Jesus, neste Sábado Santo nossa alegria começa com novo ardor, o fogo novo trazido por Ti aquece nossa alma! Já nesta vigília entoamos cânticos de alegria porque a certeza de Tua presença como ressuscitado nos antecipa a nova aurora! Nosso coração radiante diz: Maranata! Vem, Senhor Jesus! Renova nossa esperança, enche de fé nossa vida. Tua paz, teu shalon nos traz a plenitude dos dons celestes!
Sábado Santo do aleluia! Que ressoa na voz dos anjos no céu e enche a terra. Juntamos nossa voz à deles e repetimos, aleluia, aleluia, aleluia! Três vezes para confirmar esse aleluia novo e eterno!
Senhor Jesus, vigia conosco essa noite de espera. Queremos vivê-la intensamente com os olhos vigilantes para estarmos despertos na manhã de tua ressurreição. Como fizestes em Emaús com os dois discípulos, faze arder nosso coração enquanto ouvimos tua palavra. E como eles enfrentemos a noite para, de pressa, irmos contar aos demais que ressuscitaste e caminhas conosco!
Vigia conosco nesse Sábado Santo! Ele antecede o grande dia da Ressurreição! Amém.

Autor:
P. Deolino Pedro Baldissera, sds

A sexta feira santa é dia da celebração da paixão e morte de Jesus. Dia em que se recorda o que o pecado foi capaz de fazer! Jesus entrega-se à morte livremente para destruir a força que o pecado tinha sobre nós, de nos desconectar de Deus. Jesus com sua morte de cruz rompeu com essa fatalidade e liberou as portas do paraíso. Encarou a morte de cruz para realizar a missão que o Pai lhe confiara. Foi fiel até o fim.
Na sexta-feira santa todos nós mortais nos identificamos com o Cristo sofredor, porque como diz Isaias: “carregou sobre si nossas dores”. Nos sofrimentos dEle, encontramos sentido para os nossos sofrimentos.
Sexta feira santa, na tradição cristã, é dia de jejum e abstinência de carne para reforçar em nós a sensibilidade com os que sofrem mais.
Na liturgia da Palavra encontramos a voz do Profeta Isaias que faz um retrato do ”servo” que assume sobre si as nossas dores. “ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço de nossa cura”. Na carta aos Hebreus: Cristo (...) mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus, por aquilo que ele sofreu. Mas na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”.
Lendo em seguida o relato da Paixão, diante dos olhos aparece o cenário de um processo iníquo realizado pelos principais chefes da Palestina e a crucificação de Jesus no Monte Calvário como ato final da entrega de Jesus ao Pai, realizando a sua “Hora”.
Em resposta à Palavra de Deus a igreja faz orações universais pedindo a Deus em favor de todos os segmentos da sociedade. Feitos esses pedidos a liturgia nos propõe a adoração da cruz! Nosso reconhecimento diante daquele que nela morreu para nos salvar. É nos apresentado o “lenho da cruz do qual pendeu a salvação do mundo”! convidando-nos a um gesto de adoração: “vinde adoremos”!
Na sequência da liturgia temos o rito de comunhão que nos permite um encontro pessoal com aquele que se fez alimento para nossa jornada. Terminada a celebração segue-se o silêncio reverencial que aguarda ansioso a proclamação do “exultet”, anunciando a ressurreição gloriosa, a Páscoa do Senhor Ressuscitado!
A sexta feira santa é uma sexta feira diferente das outras do ano. Ela arrasta a multidão dos crentes para junto da cruz de Cristo. Atrai mais gente que o próprio dia de Páscoa, um fenômeno que não sei explicar, mas que acontece. O ideal é participar sim dela piedosamente, mas ela só terá sentido verdadeiro se repetir com mais intensidade no dia de Páscoa. Caso contrário, será uma sexta feira santa com cruz, mas sem o Ressuscitado proclamado na celebração do domingo de Páscoa.
Participar intensamente da sexta-feira santa sem esquecer que o dia principal é o domingo da Ressurreição!
ORAÇÃO
Jesus nesta sexta feira santa contemplamos os teus sofrimentos físicos, psicológicos, espirituais. Tu mesmo disseste que tua alma estava aflita, suaste sangue no jardim das oliveiras, pediste ao Pai se fosse possível, afastasse àquele cálice. Contudo disseste que prevalecesse a vontade do Pai. E assim aceitaste submeter-te a morte de cruz.
Senhor queremos aprender com teu exemplo, suportar nossos sofrimentos inevitáveis. Queremos que nos ajude a colocá-los na perspectiva de tua cruz. Só assim eles ganharão sentido e se tornam para nós sinais da tua redenção.
Na sexta feira santa multidões se acercam de ti, identificados em teus sofrimentos. Acolhe, Senhor a dor humana carregada em cada coração. No peso que carregaste em tua cruz estavam nossos pecados. Que tua misericórdia abata nossas maldades e teu sangue derramado, lave nossas feridas e purifique nossos corações do mal.
Senhor Jesus, no percurso até o calvário caíste três vezes. Em nosso caminho caímos muito vezes. Pedimos Senhor, tua ajuda para nos levantar como tu fizeste, ajuda-nos a carregar nossa cruz.
Tua entrega na cruz onde tudo se consumou, foi o grito libertador para o peso que pairava sobre nós desde Adão. Tua morte na cruz nos libertou da escravidão a qual estávamos submetidos.
Obrigado Senhor por terdes morrido por nós. Em tua cruz está o sinal de nossa vitória e é com ela que venceremos! Amém

Autor:
P. Deolino Pedro Baldissera, sds

Na quinta feira santa, primeiro dia do tríduo pascal, celebramos a instituição de dois sacramentos essenciais para a vida da Igreja. Eles foram instituídos por Cristo simultaneamente na Última Ceia. O sacramento da Eucaristia e o Sacerdócio. Jesus ao tomar a ceia com os discípulos, no final dela, tomou o Pão e disse “isto é meu corpo. tomai e comei”. Depois tomando o cálice disse, isto é meu sangue tomai e bebei! E completou dizendo, todas às vezes, que fizerdes isso, fazei-o em memória de mim. Poucas palavras e os dois sacramentos estavam entregues aos discípulos para continuarem a celebrá-los sempre. Reflitamos um pouco sobre o sacramento da Eucaristia. “Isto é meu corpo, isto é meu sangue”. Que mistério grande Jesus estava propondo aos discípulos, difícil, talvez naquela hora, dos discípulos entenderem o significado. Embora Jesus já tivesse se referido a ele em diversas ocasiões de seus ensinamentos como aquele: “eu sou o pão vivo descido do céu”; Nas bodas de Caná ao transformar água em vinho. Que maneira nova e espetacular Jesus encontrou para permanecer conosco como força e alimento. Esse sacramento se constitui na Igreja um tesouro raro e indispensável. Sem ele nosso corpo espiritual se esvairia facilmente. O pão (corpo) é o alimento cotidiano de nossas mesas, por ele nós trabalhamos, suamos, pois, ele é garantia de vida do corpo. Jesus toma isso que nós já sabíamos o significado e dá ao pão de seu corpo como um alimento espiritual que sustenta nossa caminhada de fé. Vinho, que na época também era símbolo de alegria e comunhão ele não podia faltar nas festas. Sua cor facilmente associada a cor do sangue que corre nas artérias que fazem circular a vida. Esse sangue que Jesus ia derramá-lo na cruz como gesto de sua entrega ao Pai e de amor por nós. Nestes dois elementos, pão e vinho, se esconde o grande mistério de nossa fé. A final da consagração nos é apresentado: eis o mistério da fé! E nós dizemos que proclamamos sua morte e ressurreição!
Jesus ordenando aos discípulos que o façam em seu nome, institui o sacramento do sacerdócio, diferente daquele do antigo testamento onde os sacerdotes ofereciam a Deus animais sacrificados. Agora Jesus substitui todos aqueles tipos de oferenda, pela oferenda única que é seu próprio corpo. E é isso que os discípulos devem fazer para celebrar sua memória! Eles, depois da morte e ressurreição de Jesus, começaram a por em prática isso que Jesus lhes dissera, reuniam-se nas casas e faziam a “fração do Pão” junto com suas orações. Isto foi sendo passado de geração em geração e a Igreja como continuadora da missão de Cristo a preservou e continuou pelos séculos afora. Com o tempo a igreja em sua liturgia foi dando uma estruturação e indicando o modo de celebrar a fração do pão. Nós a conhecemos por missa, que nada mais é que a reunião dos seguidores de Jesus que se reúnem como igreja viva, nas igrejas (templos) para continuar ouvindo a Palavra de Jesus e alimentando-se de seu corpo e sangue.
O sacerdócio instituído por Cristo tornou-se sacramento. Sinal visível de uma graça invisível. Jesus havia dito aos seus discípulos que não foram eles que o escolheram, mas sim Ele que os havia escolhido para irem e fazer tudo aquilo que Ele havia mandado. O sacerdócio é dom à Igreja à serviço da comunidade cristã. Cristo hoje continua escolhendo seus sacerdotes pelo dom da vocação. Como os discípulos da época também os de hoje são chamados para o serviço da missão, como aqueles também estes continuam humanos como suas limitações e deficiências, contudo, é pela graça de Deus que são continuadores da obra de Jesus, particularmente através deles enquanto fazem o “caput Christi”, se fazem lugar tenente de Cristo. No altar enquanto celebram a eucaristia o fazem em nome de Cristo. “Fazei isto em memória de mim”.
Na quinta feira santa ao iniciarmos o tríduo pascal recordamos a última ceia de Cristo e nela recebemos o presente da eucaristia e do sacerdócio.
Como os discípulos também nós repetimos: “Senhor dai-nos sempre deste Pão”, porque quem dele se alimenta possui a vida eterna.
ORAÇÃO
Senhor, hoje celebramos dois sacramentos que nos deixastes como sinal de tua presença entre nós. Deste-nos a eucaristia, teu corpo e sangue, para alimentar nossa vida de fé e fazermos comunhão contigo. Deste-nos o sacerdócio para em teu lugar celebrar a eucaristia e os demais sacramentos.
Senhor, desperta entre os jovens a vocação ao sacerdócio. Faltam tantos! Há tantas comunidades sem eucaristia porque não tem quem a celebre em teu nome. Envia-nos novas vocações te pedimos neste dia da instituição do sacerdócio.
Obrigado por esses presentes tão necessários à nossa vida. Neste dia tão especial queremos renovar diante de ti nosso amor filial e nosso desejo profundo de permanecer na tua graça. Só assim sabemos que seremos felizes vivendo a alegria que tua presença nos proporciona.
Nesse dia especial renovamos também nossos compromissos com a missão que nos deixaste de anunciar-te a todos as nações, raças, línguas e povos. Abençoa nossa missão e que tua graça a torne fecunda. Amém

Autor:
P. Deolino Pedro Baldissera, sds

Sentado no gramado do parque, olhei para o céu e vi nuvens. Algumas carregadas, ameaçando chuva, outras suaves, transparentes denotando tranquilidade e noutros espaços do céu, o sol brilhando. Era uma tarde comum em que o dia estava assim, ameaçando chuva, fazendo sol, deixando certa dúvida como tudo terminaria.
Assim olhando para o céu comecei a pensar na vida. Há dias ensolarados, sem nuvem e tudo parece claro, sem ameaças e as coisas transcorrem bem. Há outros em que o tempo está fechado com chuva ou quase chovendo. Àqueles em que muitos problemas se apresentam à mente e ao coração e enchem a vida de preocupação. E há aqueles dias mistos, em que há nuvem e sol. Nuvens carregadas, nuvens transparentes e sol! Todas as situações que ocorrem em nosso dia a dia. Quando o tempo está carregado, é preciso discernir onde se proteger, qual caminho percorrer e que meios utilizar para administrar as diferentes situações. Vale dizer, que para bem discernir, é preciso transparência, agir de acordo com a verdade seja ela fácil ou desafiadora. Não se encobre o sol com a peneira, como diz o ditado. Os dias que correm limpos servem de parâmetro para dar certeza de que, quando há nuvens, atrás delas, tem sol brilhando mesmo que não o vejamos.
Em nossa vida é mais comum nos encontrarmos como nos dias em que há sol e nuvens. Às vezes, algumas carregadas, com espaços ensolarados. Quando é assim podemos fazer escolhas para quais aspectos olhar ou se fixar. Se ficarmos com as nuvens carregadas vamos passar o dia preocupados com a chuva que pode vir e perder os momentos de sol que mostra a outra face. Essa situação é aquela em que deixamos os problemas tomarem conta de nossa mente e nos desgastamos com eles. Quando os problemas aparecem, eles não vão se resolver sozinhos sem nossa intervenção, contudo, não podemos reduzir nossa vida aos problemas que se apresentam. Diante deles é preciso discernimento, à luz de critérios que nos ajudem a encontrar saídas. Não é ignorando os problemas que a vida ficará mais fácil. Contudo, é bom lembrar que sempre há sol sobre as nuvens, ele jamais se apaga, além dos problemas existe as soluções e as experiencias de conquistas já realizadas.
Deus é como o sol que não desaparece. Ele nunca deixa de iluminar. Está sempre ali. Nós é que fixados em nossos problemas, ficamos como que no escuro deles e não lembramos que acima deles está o sol que espera uma brecha para iluminar.
Temos um exemplo no evangelho de João 4, em que conta o encontro da samaritana com Jesus. Foi ao meio-dia, quando o sol estava a pino. Quando o sol está a pino, quem estiver exposto a ele, não faz sombra, tudo fica iluminado. Assim foi a experiência da samaritana com Jesus. Ela estava atolada em seu cotidiano frustrante sem perspectiva de futuro, presa ao balde que carregava sem alegria e uma vida cansativa. Depois que fez experiência de um encontro pessoal profundo com Jesus (o sol= luz do mundo), sua vida se transformou radicalmente. Seus problemas continuaram os mesmos, mas agora sob nova luz sabe enfrentá-los com nova visão e perspectiva. Aquele dia escuro (carregado de nuvens= problemas) foi aos poucos abrindo brechas, as nuvens foram ficando transparentes e o sol brilhou para ela. A experiência a fez missionária junto aos seus . Encontrou sentido para sua vida e agora a história dela começa a ser outra.
Penso que, muitas vezes, o que falta na vida de muitas pessoas frustradas com a vida que levam, é fazer uma experiência de serem iluminadas por Deus (sol). Para isso é preciso se desapegar de algumas coisas (baldes!) que prendem num cotidiano enfadonho e sem sentido. O sol brilha para todos, sempre pronto para iluminar e aquecer, assim Deus sempre onipresente, contudo, não se mete a força na vida de ninguém. Daí uma questão: quando você olha para o “céu” de sua vida o que encontra? só nuvens carregadas (Problemas e mais problemas) ou percebe brechas (fé, esperança) em que o sol aparece? Todo dia Deus está presente com sua luz para iluminar sua vida, volte-se para ele se quiser ser iluminado. Para isso não se refugie e nem se envolva em seus problemas a ponto de deixá-lo cego para ver a luz. Por mais chuvoso que pareça o dia, sempre haverá momentos em que nuvens transparentes deixam vislumbrar que atrás delas está o sol a brilhar. Que ele brilhe em sua vida! Deus seja luz para você.

Autor:
P. Deolino Pedro Baldissera, sds