O relógio e o tempo correm juntos, mas a vida está entre os dois.
O relógio marca o tempo que se conta em minutos, horas e dias. Ele roda dia e noite, dá 24 voltas, retorna ao começo, e, o tempo anda sempre para futuro.
E a vida está dependendo do relógio para deixar o passado e situar-se depressa no tempo presente e porque já já não mais aqui, mas mais diante.
O relógio bate no seu ritmo e o tempo não espera, passa! O relógio às vezes, pára, o tempo, não! ritmado ou não ele vai em frente e a vida corre atrás.
O relógio depende de energia, bateria, o tempo não. Precisamos do relógio para marcar o tempo, mas o tempo vive sem o relógio. No relógio as pessoas acreditam e fazem planos. Há que horas vão sair, há que hora vão voltar.
O tempo vai somando as horas, os dias e os anos. O relógio nos diz se é de manhã, meio dia ou é tarde.
O Relógio controla nossa vida, e nos permite situar no espaço do tempo, enquanto isso o tempo vai nos distanciando da família, deixando para trás a infância, vai nos levando para a vida adulta, a velhice e o tempo da vida vai se encurtando e se esgotando.
O Relógio que depende do tempo continua trabalhando 24 horas por dia, repetindo seus giros por quanto tempo seus ponteiros marcarem as horas. Nós olhamos para seus mostradores e nos situamos no tempo, ... ah são seis horas! tempo de levantar, é hora de ir trabalhar, hora para comer, descansar, levantar e prosseguir.
Os anos passam e o relógio e o tempo trabalhando, somando e diminuindo, somando os números de anos que se passaram, diminuindo o número de anos que a vida tem, enquanto isso o sino toca.
A cada toque o som ecoa longe. Os badalos balançam até alguém acordar com preguiça de se levantar, bendizendo ou maldizendo porque o sono ainda não passou. O sino chama e as pessoas se movem.
O relógio quer mais horas porque tem a ver com a contagem do tempo, e o sino toca enquanto clama por eternidade.
Os sinos das igrejas dizem que é hora de missa. O da tarde vai cantar a Ave Maria, canção que eleva os corações para a mística. É hora de rezar, pensar e refletir, ainda não é ‘hora de dormir”, mas esta vai chegar quando o sino cessa de tocar.
O relógio marca o tempo e o sino aponta para o tempo da eternidade.
No cair da tarde, novamente às seis, ao cantarolar de outra vez a Ave Maria, muita gente ao ouvir, vai sentir nostalgia, e seu coração vai se elevar em oração. Seu espírito vai se em encher de eternidade, porque os ponteiros das seis horas, um vai apontar para o céu, outro para a terra, vão despertar para o tempo presente e para o transcendente.
Então, deixe que o relógio marque as horas, o tempo fique livre, o sino toque as Aves Marias.
Enquanto a vida espera a hora da verdade para chegar ao além, onde não há mais tempo, nem relógio, nem Ave Maria. Só eternidade sem tempo e sem hora, só um agora permanente, sem mudança, eternamente.
P. Deolino Pedro Baldissera, sds
Solidariedade é a palavra do momento, diante da tragédia que se abate sobre o Rio Grande do Sul. De todo o Brasil se tem visto gestos de solidariedade que se manifestam em doações de todo tipo, desde água, alimentos, roupas e outros. São todos gestos edificantes que emocionam. É o coração solidário que se manifesta com o desejo de menorizar o sofrimento alheio, daqueles que perderam tudo ou quase tudo. Podemos pensar que a solidariedade é a manifestação do coração humano mais autêntica, porque expressa aquilo que brota do amor desinteressado e altruísta. As doações são feitas por anônimos, gente que foi ao mercado comprou algo para doar e levou ao lugar onde recolhem as doações. Os doadores pertencem a todas as classes sociais. Gente de diferentes raças e cores, pessoas cultas ou analfabetas, torcedores de todas os times, trabalhadores de todos os serviços. Nesses gestos de solidariedade esquece-se os preconceitos, as diferenças religiosas, aquilo que distancia no dia a dia a convivência harmônica. A solidariedade é capaz de unir a todos por uma causa comum, ajudar o próximo.
Diante disso cabe talvez algumas reflexões. Uma delas é uma pergunta? Porque em situações assim, de calamidade, as pessoas se tornam sensíveis e capazes de serem solidárias? Certamente há muitas explicações, mas quero me ater a umas poucas. Em primeiro lugar, vejo nestes gestos expressões da verdadeira humanidade, aquela que deixa seus interesses particulares para atender necessidades de outros humanos que não conhecem e nem tem relação de parentesco, para expressar sua compaixão com aquele que sofre! Esses gestos traduzem aquilo que está no mais íntimo de cada um, o reconhecimento que dependemos uns dos outros. Não é atoa que o evangelho recomenda “amai-vos uns aos outros”! O amor verdadeiro se traduz em ações concretas. Podemos pensar também que nesses gestos de solidariedade, está o desejo genuíno, presente no coração de cada um, que não quer a divisão, não quer a ganância, não quer a falta de condições dignas para as pessoas, que deseja sim, um mundo mais humano com bens mais bem compartilhados. Quem é solidário, aquilo que dá, não lhe empobrece e torna sua vida mais leve e sente-se feliz. Sente-se feliz porque deu algo de si naquilo lhe pertencia. Bem dizia São Francisco em sua oraçao, “é dando que se recebe”! Não são bens materiais que se recebe em troca, mas é em paz de espírito e de alegria.
Vimos não só gente doando bens, mas muitas se doando em prestação de ajudas nos resgates dos ilhados, em socorro dos desabrigados, em auxílio aos doentes, idosos e fragilizados. Vimos a união de forças para fazer frente a todos os desafios que a situação gerou. Ninguém de bom senso fica indiferente, apesar de lamentavelmente, vermos uns poucos se aproveitando da desgraça alheia. Uns que aproveitam para saquear, roubar... esses perderam sua humanidade, tornaram-se exemplo daquilo que há de mais perverso no coração humano, a maldade. Graças a Deus, estes são uma pequena minoria, mas amostra do que é a falta de solidariedade. Somos esperançosos porque o que vimos na grande maioria, incontáveis pessoas solidárias!
Outra pergunta que me ocorre diante dessa calamidade: Por que o sofrimento nos torna solidários? Penso que o sofrimento é expressão daquilo que ameaça a vida. Ele faz parte do nosso dia a dia, contudo, quando ele ultrapassa o razoável e transparece em forma exorbitante, ele nos lembra nossa condição humana, cujo experiência nos diz: “sofrer é dor que não queremos; sofrer nos põe na condição de mendicantes, necessitados de ajuda; Nos sentimos “samaritanos caídos a beira do caminho”; sofrer nos coloca diante de nossos limites; sofrer traz questões existenciais; sofrer é também busca por sentido. Diante disso, o sofrimento encontra saídas e esperança quando vê a solidariedade vir em seu encontro. Ela nos lembra que há “samaritanos” que são capazes de deixar suas prioridades, para se aproximar e socorrer. Nos recorda também que não estamos sozinhos nas lutas diárias.
Bendita a solidariedade que ainda existe no coração humano, mesmo que não seja a prática diária, o que seria desejável, porque ela mostra que, apesar de tudo o que a contradiz na convivência humana, ainda temos esperança. Ela fica escondida ou guardada no coração das pessoas. Por isso podemos confiar no futuro, mesmo quando se tenha tantos desafios para enfrentar e realidades a reconstruir.
Para concluir, gostaria apenas de lembrar, que nossa capacidade de ser solidário, encontra sua expressão máxima, em Jesus que não só nos ensinou a amar como ele amou, mas também mostrou sua solidariedade se expondo ao sofrimento da cruz. Lá ficou como um sinal permanente, mostrando-nos o caminho da solidariedade.
Se os fatos trágicos que hoje vemos no Rio Grande do Sul, nos despertou a solidariedade, vejamos nisso, apesar de tudo, um resgate daquilo que em nós nunca devia adormecer.
Cultivemos a solidariedade para que ela seja nossa marca humana, que não ignora o sofrimento alheio, seja em tempo de calamidade ou em tempo de bonança!
Solidários sempre!
P. Deolino Pedro Baldissera, sds
Nossa sensibilidade nos põe em contato com o mundo que nos cerca e nós o captamos pelos nossos cinco sentidos e estabelecemos nossas relações com ele. Dependendo de como nossa sensibilidade é “educada” por nós, ela manifestará quem nós somos. Nós, por natureza, nascemos com disposições que nos permitem estabelecer relações e vínculos com tudo o que está a nossa volta. Vivenciamos nossas emoções, sentimentos, pensamentos, fantasias e tudo que ocorre em nosso psíquico, no convívio social. Nossos estados de espírito são “gravados” em nossas cadeias neurais e ali ficam como lembranças de nosso passado, que podem ser evocadas no presente e no futuro!
Nelas (cadeias neurais) vai se moldando o nosso jeito de lidar com a realidade e dando um norte à vida vivida. Se priorizamos a harmonia e o lado positivo, então, nossa tendência será de responder aos estímulos que recebermos positivamente. Se, pelo contrário, nos fixamos mais no conflito, no lado negativo das coisas, tenderemos a ter expectativa negativa e nosso cérebro interpretará os estímulos nesse viés. A vida se tornará pesada e o distanciamento nas relações será consequência.
A neurociência nos diz que nosso cérebro ao receber os estímulos do ambiente, reage e o associa ao que já está acostumado e fortalece o já conhecido, como também pode formar novas cadeias. Em outras palavras, em nosso dia a dia, no contato com a realidade, esta emite sinais que são captados pelos nossos sensores nervosos e transformados em mensagens eletroquímicas em nossas cadeias neurais que as transformam em experiências que, por sua vez, “treinam” nossa sensibilidade e esta repercute em nossas emoções, sentimentos, pensamentos, fantasias, se acomodando em nosso mundo interior. Nosso cérebro tem uma “plasticidade” capaz de se adaptar àquilo que vivenciamos segundo os códigos (padrões) pessoais, dando um toque individual a cada ação e reação que temos. Assim sendo, em nossas experiências encontramos situações vividas com prazer, com alegria, em outras com tristezas e sofrimentos ou ainda com indiferença . A vida em sua dinâmica nos põe em contato com as diferentes realidades, e, bem ou mal, vamos aprendendo a lidar com ela. Nem sempre temos sucesso em tudo o que nos propomos. Contudo, se valorizamos mais o lado negativo das coisas, nossa tendência será treinada (forçada) a fixar-se mais no lado negativo.
Todos os pequenos atos que fazemos exigem uma complexidade enorme do funcionamento das cadeias neurais. São trilhões de conexões usadas para interpretar os sinais captados e transmitidos pelos axônios e dendritos ligados aos núcleos dos neurônios. Uma simples ação de tomar um café, exige de nosso cérebro um controle exato dos movimentos. As cadeias neurais precisam interpretar o peso da xícara, seu calor, a inclinação que vamos dar a ela, o tocar com os lábios, o sorver uma pequena quantia do liquido, degustar o sabor entre outros protocolos. Isso tudo acontece de modo automático, inconsciente. Haverá uma diferença entre o primeiro café que tomamos e o centésimo! Quanto mais o cérebro é treinado para reagir de determinado modo, tanto mais perfeitamente executa a ação. Nossos hábitos se tornam uma espécie de piloto automático, que reage aos estímulos captados do exterior (e também em alguns casos, interior – fantasias, por exemplo). E assim formamos sempre novas cadeias neurais ou fortalecemos as existentes.
A neurociência tem demonstrado a complexidade do funcionamento neural, nas suas ações e reações, envolvendo as conexões eletroquímicas dos neurônios tornando nosso cérebro um complexo tão gigantesco que envolve cerca de cem bilhões de neurônios e suas trilhões de conexões. Pode-se comparar sua complexidade ao universo que cada dia as pesquisas revelam sempre maior do que o já conhecido. Embora se tenha um conhecimento razoável do funcionamento do cérebro em seus centros “especializados” – sabe-se, por exemplo, que o lobo frontal é a área ligada à concentração (pensamento); que o hipocampo processa a memorização; que o cerebelo dá o senso de equilíbrio e coordena as ações motoras; que o lobo parietal processa as informações relativas às noções de espaço e volume; que o lobo occipital é o centro da visão, diferencia objetos, cores, texturas, ainda assim sabemos pouco. Toda essa divisão de “atividades” trabalha de forma sincronizada e permite que nós façamos várias coisas ao mesmo tempo, por exemplo, que possamos pensar, andar, falar, olhar, ouvir, sentir, lembrar, manter o equilíbrio, o compasso dos passos, a noção de tempo, de espaço, etc. tudo ao mesmo tempo!
O sistema nervoso coordena as atividades do corpo, assegurando que as partes funcionem em harmonia. Para isso monitora o tempo todo, as alterações que ocorrem no corpo e no ambiente externo. Ainda que já tenhamos um conhecimento bastante grande, contudo, a própria neurociência que se ocupa de desvendar sempre mais seu funcionamento, se vê diante de uma complexidade tal que ainda permanece no bê-á-bá, diante de um grande mistério! Nos anos futuros certamente teremos melhores explicações das disponíveis hoje, mas quanto mais se descobre, mais portas se abrem que exigem explicações mais complexas.
Como os cientistas que pesquisam as galáxias, são frequentemente expostos a novas descobertas, que exigem revisões das hipóteses prevalentes até aquele momento, assim parece ser em relação ao funcionamento do cérebro.
É nesse contexto que nossa sensibilidade se encontra. A neurociência nos diz que as cadeias neurais estão sempre se refazendo, mantendo e fortalecendo algumas e “desconectando” outras. Há uma “lei” da “plasticidade” que permite uma adaptação constante às novas realidades. Sabe-se que a captação e repetição de mesmos estímulos, fortalecem as cadeias neurais responsáveis por guardas aquelas “lembranças” e elas serão mais susceptíveis de serem revividas. Sendo assim, podemos afirmar que nossa sensibilidade pode ser “educada”. Isto é, podemos preparar nosso cérebro para responder nossas demandas de forma mais controlada e harmônica. Isso exige de nossa parte, atenção e autocontrole, além de um aperfeiçoamento do conhecimento de si próprio, no modo como nos auto-observamos e na capacitação de mudar o que não funciona bem. É preciso cultivar uma autocrítica positiva, isto é, pôr-se na própria berlinda e pagar o preço pelas mudanças que desejamos fazer em nossos hábitos, para permitir que nosso cérebro trabalhe em nosso favor. “Nossa sensibilidade revela quem somos”.
Quando o amor fica ciumento a vida amorosa se complica! Mas o que é o amor ciumento? O amor ciumento é ainda infantil. Não amadureceu, tem medo de perder o seu referencial. Ele é manifestação de insegurança emocional. Se torna dependente do afeto do outro como condição para sobreviver. Até um certo grau pode-se dizer que é “normal”, porque é difícil ser plenamente maduro afetivamente! Contudo, há limites. O amor ciumento meche com as emoções do sujeito. Fica instável nas relações afetivas de quem depende. Quer controlar os passos da pessoa amada e espera dela “provas” de que a ama. Amor ciumento faz dramas, se apequena, faz cenas, se emburra, não fala, comporta-se como criança manhosa. O amor ciumento quer apossar-se do outro e mantê-lo preso a si. Até certo ponto é tolerável e o outro suporta. Quando sai das medidas torna-se problemático e compromete as relações de afeto. O amor ciumento quando é possessivo, não deixa o outro livre, controla a vida de quem diz amar, não permite que o outro tenha amizades e as cultive. Tudo é suspeitoso, não acredita no que o outro diz. Faz-se de vítima. Sua insegurança causa-lhe ansiedade e facilmente se descontrola emocionalmente. Rompe as barreiras da normalidade, e, em casos doentios, é capaz de cometer crime.
O amor ciumento tem constante medo de perder o outro e quer agarrá-lo e prende-lo a si como posse. Não tem confiança em si e nem nas pessoas ao seu redor. Precisa de constantes reafirmações da pessoa que diz amar e mesmo com todas elas ainda sobra motivo para desconfiar. Vira um circulo vicioso. Não acredita no que o outro lhe diz põe em dúvida sua fidelidade.
O amor ciumento causa muita dificuldade na convivência, se apega às suas ideias mirabolantes e obriga o outro aceitá-las como justas e verdadeiras. Sem se dar conta anula o outro em sua maneira de ser, devendo este pensar como ele pensa, sentir o que sente, não pode discordar porque isso vira ameaça. Quando o amor ciumento possessivo perdura isso leva a exaustão do outro e o desgaste na relação se torna insuportável, levando ao rompimento da convivência, levando à separação. Quando o amor ciumento está no homem, ele se esconde em suas artimanhas racionalistas e ameaça dominar o outro pela força, impondo medo. Manipula os desejos do outro e os distorce para garantir que é “dono da situação”. Quando isso se dá na relação com a esposa ou namorada se torna dominador e impositivo. Chantageia com os bens que tem do qual o outro depende. Controla por exemplo, o dinheiro, ameaça com abandono. Quando o amor ciumento está com a mulher, uma tática empregada com frequência é a chantagem emocional. Dramatiza as situações, procurando fazer o parceiro sentir-se culpado por seus sofrimentos. Em ambas as situações (marido ou esposa) o vinculo amoroso é imaturo, inseguro e melindroso. Há uma perda mútua de confiança e um vigia o outro fiscalizando os contatos telefônicos, invadindo a privacidade, desrespeitando o direito que o outro tem.
Numa relação ciumenta, o mínimo sinal é suficiente para despertar o gatilho. Basta um olhar, um tom de voz diferente, uma fala mal interpretada e se instala a onda da ciumeira. E a confusão acontece. Difícil de apaziguar-se. Os nervos ficam a flor da pele e as ofensas mútuas machucam a autoestima e as reações podem ultrapassar as medidas do razoável. O clima fica tenso e quase sempre rancoroso. Todos perdem porque ninguém fica contente com a situação. Rompe-se a paz e às vezes, perdura por dias seguidos. Fica um clima de mutismo e ar pesado no ambiente.
Quem sofre de ciúme possessivo, é bem provável que isso tenha suas raízes em seu passado de abandono, de rejeição, de exposição à insegurança prolongada, de educação muito rígida, entre outras causas.
Teria cura para amor possessivo? Tem, desde que a pessoa busque ajuda (de preferência qualificada) e esteja disposta a encontrar as causas da perturbação. Dificilmente se cura sozinho. É preciso reconhecer a própria insegurança e amor imaturo e abrir-se para dialogar com as pessoas envolvidas. Admitir seus exageros com sinceridade e fazer um caminho de auto aceitação e de auto controle sobre as próprias emoções. Aprender a comunicar os próprios sentimentos de forma controlada, sem culpar os outros por eles. Dar-se um tempo para meditar sobre seus próprios comportamentos e como eles repercutem sobre os que estão a sua volta. Admitir, quando for o caso, seus exageros e distorções da verdade. Sentir ciúmes pode ser visto como um sinal de que algo não está bem, há necessidade de rever-se para crescer e tornar-se melhor e pessoa mais equilibrada.
Não deixe que seu ciúme comprometa seu relacionamento com a pessoa que você ama. Afinal o amor é oblativo e quem ama de verdade tem reservas para amar todas as pessoas. Quanto mais se ama com amor amadurecido, mais e mais pessoas cabem em seu amor. Não precisa temer ficar de fora. Ame de verdade e o ciúme não terá vez para perturbar suas relações.
Coração invejoso contente-se com o que tem, faça o bem com o tanto que tem, sem precisar “roubar” o prestígio dos outros em benefício próprio, engando-se a si mesmo.
Pe. Deolino Pedro Baldissera, sds
O coração humano é cheio de coisas boas, tem amor, generosidade, solidariedade..., mas de vez enquanto pisa na bola! Fica invejoso! E quando age assim, não consegue se controlar e se torna juiz da vida alheia. Não suporta o sucesso do outro. Por não se sentir capaz de fazer o que o outro faz, começa a achar defeitos naquilo que o outro fez. Pra isso vale-se de interpretações distorcidas e a fofoca é o meio que usa para difamar pessoas. O coração invejoso se auto rejeita, mas não se dá conta. Como não se aceita inferiorizado, projeta sobre os outros sua incompetência. O coração invejoso, não suporta o sucesso do outro e fala às escondidas criticando, achando defeitos nos feitos dos outros. O coração invejoso é injusto no seu julgamento porque não se baseia na realidade objetiva, mas em sua suposição e avaliação subjetiva. Não tem coragem de falar direto para a pessoa invejada. Esconde-se no “disque-disque” atribuindo aos outros a origem de seus comentários negativos. O coração invejoso faz muito mal a si próprio e aos outros. A si, porque não é verdadeiro consigo mesmo, não reconhece sua inferioridade em relação a quem critica, fala sem verificar a veracidade de seus comentários, faz conclusões negativas e precipitadas sobre os outros e assim acaba sendo desacreditado. Faz mal aos outros porque os difama, compromete o bom nome, causa mal estar na convivência.
O coração invejoso não é feliz, porque não se aceita como é, e se compraz em difamar o outro visto por ele como alguém interesseiro e mal intencionado. Ele é covarde porque não fala na frente de quem critica, é maldoso porque induz quem o escuta a fazer mau juízo sobre a pessoa de quem está falando.
O coração invejoso sofre de um grau alto de inferioridade, no seu falar há uma mensagem subliminar de vitimismo escondida na sua postura de juiz da vida alheia.
Às vezes, recomenda a quem o escuta, que “não fale que foi eu quem disse”! Já por aí se percebe que é temerário, não assume a responsabilidade pelos seus comentários.
Em geral, é astucioso também. Quando está junto de quem criticou, faz-se de inocente, fingindo de que nada sabe sobre ele. Faz perguntas capciosas tentando descobrir razões ocultas para depois usá-las em suas críticas. Distorce as falas tirando do contexto.
Coração invejoso não se conforma com o que é e tem. Não tendo o que o outro tem, vive aflito, vasculhando e querendo saber sobre a vida alheia. O sucesso do outro o incomoda e para inconscientemente parecer-se com ele, precisa diminuí-lo e assim sentir-se mais igual.
Não sossega no seu canto e a inveja é companheira diária que não lhe permite contentar-se com suas conquistas e as conquistas do outro.
Coração invejoso precisa de cura! Caso contrário compromete até a parte boa que tem. Coração invejoso precisa educar-se para ser humilde o suficiente para aceitar-se nas próprias limitações, sabendo que não precisa ser perfeito e nem negar o bem dos outros, para ter valor. Reconhecer o bem que o outro faz é um bom exercício para a própria conversão e viver em paz consigo mesmo, poupando assim o mal que causa nos outros por sua inveja.
Coração invejoso contente-se com o que tem, faça o bem com o tanto que tem, sem precisar “roubar” o prestígio dos outros em benefício próprio, engando-se a si mesmo.
Pe. Deolino Pedro Baldissera, sds