No dia 29 de setembro, a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes , realizou o 6° Concurso de Desenhos para Crianças e Adolescentes, com o tema "Os milagres de Jesus". O evento, que reuniu talentos artísticos de diversas idades, teve como objetivo incentivar a reflexão sobre os milagres realizados por Cristo e o impacto deles na vida cristã. As crianças e adolescentes demonstraram muita criatividade e espiritualidade ao retratar, por meio de suas obras, momentos significativos dos Evangelhos. Os desenhos classificados em primeiro lugar de cada categoria farão parte do Calendário do Dízimo de 2025 da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes.
A participação foi aberta a todos as crianças e adolescentes das comunidades, que expressaram, com diferentes técnicas e estilos, episódios como a cura dos enfermos, a multiplicação dos pães e a ressurreição de Lázaro e outros. Cada desenho foi cuidadosamente avaliado, considerando não apenas a técnica artística, mas também a profundidade espiritual e a compreensão do tema proposto.
Após a oração de abertura, e a benção do Diácono João Gualberto, enquanto nossos pequenos desenhavam, seus pais e familiares foram convidados a participarem de um momento de reflexão e dinâmicas com a Pastoral Familiar, pois esse evento foi realizado com as pastorais de conjunto: Catequese, Dízimo, Pastoral da Comunicação (Pascom) e Pastoral Familiar, com a presença do nosso Pároco Padre Charles Alves(SDS), e o coral “Doce Louvor’ da Comunidade Nossa Senhora de Fatima.
Enquanto os jurados se reuniram para a árdua missão de classificar os desenhos, pois todos foram vencedores, mas se fez necessário eleger os três primeiros colocados de cada faixa etária (9 desenhos), tivemos um momento de confraternização com todos os presentes. Os nossos sinceros agradecimentos a todos os colaboradores que nos ajudaram a realizar esse evento, que Deus abençoe a todos.
Ao final, todos os participantes foram reconhecidos pelo seu esforço e dedicação, sendo premiados com certificados e lembranças especiais. A comunidade celebrou com alegria esse momento de integração, fé e arte, reforçando os ensinamentos de Jesus e o papel transformador de suas ações na vida das pessoas. Esperamos vocês no próximo ano para o 7º Concurso de desenho.
Segue abaixo os desenhos vencedores:
1° Categoria (06 e 07 anos)
2º Categoria (08 a 10 anos)
3º Categoria (11 a 13 anos)
Segue os desenhos dos demais participantes:
Agradecemos a todos os apoiadores do concurso e a todas pessoas que contribuíram com doações para a nossa confraternização.
Segue a galeria das fotos do evento
Link - galeria
A Paróquia e a gestão financeira paroquial
A Paróquia e a gestão financeira paroquial
Uma preparação insuficiente e um frágil projeto estão
habitualmente na origem de escolhas econômicas que não
somente colocam em perigo os bens, mas a sobrevivência mesma
dos Institutos.
(Doc.48 Economia a serviço do carisma e da missão)
A fé no Ressuscitado nos impulsiona a uma vida fraterna, no compromisso com o outro, no bem da comunidade e no anúncio da alegria do Evangelho, fazendo-nos portadores dessa boa-nova, que se expressa em palavras, mas muito mais e principalmente em nossas práticas cotidianas.
Tudo isso ocorre em família, no trabalho, na escola e nas universidades, no dia a dia e, claro, na comunidade das comunidades², ou seja, a paróquia.
Ocorre que a paróquia, como espaço de iniciação cristã, de educação e celebração da fé, não sobrevive apenas dos ventos ou exclusivamente de nossas boas práticas de acolhimento e convívio humano e cristão. Para a manutenção da paróquia, há gastos e investimentos necessários e urgentes, que exigem recursos financeiros, tão caros e escassos nos dias atuais, conhecimentos básicos em finanças e administração, gestão de patrimônio, gestão de pessoas, acuidade orçamentária e riscos, além de uma profunda disposição para a partilha e a solidariedade com aqueles que possuem pouco ou nada nas comunidades do entorno paroquial.
E é isso que os membros dos conselhos econômicos e pastorais da paróquia Nossa Senhora de Lourdes estão fazendo nos últimos meses. Eles se encontram para discutir seus desafios nas áreas mencionadas e buscam incorporar em suas práticas as palavras do Papa Francisco, que diz que devemos tornar a Igreja mais sinodal, ou seja, uma Igreja mais aberta à escuta, ao diálogo, a um caminhar juntos na alegria e na fraternidade.
Há diversos encontros cujos temas passam por: Contabilidade para não contadores, gestão financeira e patrimonial, prestação de contas para a cúria diocesana e comunidade, análise de demonstrativos financeiros, riscos e controles internos.
A experiência tem sido rica e gratificante. Sob a orientação do professor Waldir Mafra da PUC-SP, os participantes têm trazido suas dúvidas, sugestões e contribuições para que todos cheguem a um nível de conhecimento que lhes possibilite assumir suas funções nos conselhos e pastorais que lidam com a questão patrimonial e financeira, a fim de otimizar os recursos e contribuir para a sustentabilidade paroquial.
Em sua primeira carta³, Pedro nos convida a colocar à disposição dos outros os dons que recebemos, e é dessa forma que caminhamos, vivendo e aprendendo juntos, por uma Igreja em saída, na fraternidade e na partilha.
______________________________________________________________________________________________________
1 Waldir Mafra: Economista e contador pela FIPECAFI, especialista em Finanças pela FGVSP, mestre em administração
pela PUC SP. Consultor nas áreas de gestão financeira, governança, compliance, LGPD em entidades eclesiásticas,
empresas e organizações da sociedade civil.
2 Documento de Aparecida. 2007.
3 1Pd, 4,10.
FRATERNIDADE: O ENSINAMENTO DE JESUS.
FRATERNIDADE: O ENSINAMENTO DE JESUS.
Jesus disse: "Eu Sou o Pão vivo descido do Céu, quem comer deste Pão vivera eternamente." (João 6, 51a)
Quantos ainda tem fome?
- Fome de Deus.
- Fome de Vida eterna.
- Quantos ainda tem fome?
- Fome de Solidariedade.
- Fome de partilha.
- Fome de alimentar-se com dignidade, de se alimentar ao menos três vezes ao dia.
Muitos ainda buscam em Jesus, uma certa 'tranquilidade interior', uma fé que se fundamenta em viver em comunidade, com os irmãos que pensam igual e que se entendem e assim vivem uma pseudo 'paz quieta', longe de problemas...
Jesus não veio ao mundo para ser o fim de todos os problemas. Jesus é o Pão do Céu, que se faz alimento, para nos dar força e ânimo, para vivermos está vida, neste mundo. Jesus é o Alimento que nos dá força e coragem, para buscarmos viver a vocação da igreja.
Neste ano estamos vivenciando o 3º Ano Vocacional, com tema "Vocação, graça e missão", onde lembramos de rezar e fortalecer a vocação sacerdotal, religiosa e matrimonial, mas também tempo de se lembrar a vocação primeira da Igreja: a de estar ao lado de todos, de pensar o bem comum, com a preferência para os pobres, os prediletos de Jesus.
Como vemos na Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema Fraternidade e Fome, e o Lema "Dai-lhes vós mesmos de comer",</strong > a fome é uma grande vergonha por todo o mundo, onde se desperdiça todo dia uma quantidade gigantesca de alimentos, é mais vergonhoso ainda o caso do Brasil, país que bate recordes de safra todos os anos e alimenta vários países com esta safra, mas a ganância dos produtores e a concorrência do mundo capitalista, infelizmente não permite a partilha.
Jesus é o Pão que alimenta, fortalece e vai preparando para a vida eterna, a vida eterna é construída aqui, através do conhecer Jesus, “Ora a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e aquele que tu enviaste, Jesus Cristo. ”, (João 17,3), fechar os olhos a realidade da fome é viver uma falsa paz.
Agora, somos convidados a pensar como viver este compromisso de cristãos alimentados por Jesus o Pão do Céu e colocando Deus sempre no centro, nessa vida com desafios, com tantos a terem fome de Deus e de solidariedade.
Podemos perguntar como viver de fato este compromisso em nossos dias?</strong >
O que temos que ter é uma convicção, de que não devemos e nem podemos ver a situação com a ganância de nossos tempos, devemos sim perceber cada situação, cada possibilidade de ajuda a um irmão que tem fome, seja de Deus, seja de alimentos, como uma grande bênção, e sentir em tudo a presença de Deus.
Que nossas famílias sejam famílias acolhedoras e sensíveis, que nossos filhos aprendam em nossas casas a graça da partilha. E que cada cristão entenda toda a dignidade de se ter uma família, e não se canse de buscar o bem comum, e que tenhamos paz em nossas casas e em todas as famílias, mas que seja uma paz inquieta, que se põe a lutar contra toda forma de injustiça geradora de fome e desigualdade.
Nosso mundo e o nosso país precisam buscar um equilíbrio, com igualdade e respeito a todos, e isto só será possível com fraternidade: o ensinamento de Jesus. Nós cristãos precisamos buscar a cada dia crescer na harmonia como família, nos relacionamentos sociais e na vida espiritual.
Mas, para este crescimento é preciso confiar na promessa de Jesus: "Aquele que come deste pão vivera."(João 6, 58b)</em >
Autor:
Diacono João Gualberto
Pentecoste, a Ação do Espírito Santo em nós
Pentecoste, a Ação do Espírito Santo em nós
Pentecoste é um momento especial para a nossa igreja, pois é quando o Espírito Santo age de forma criativa e poderosa em nosso meio. É uma celebração da vinda do Espírito Santo, que promove a unidade, o fortalecimento da fé e a renovação da esperança. No domingo seguinte à Ascensão do Senhor, festeja a Igreja a solenidade de Pentecostes, a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, que estavam reunidos com Maria no mesmo lugar, em Jerusalém, como um vento impetuoso, que encheu toda a casa e onde apareceram como que línguas de fogo que pousavam sobre cada um deles.
Pentecostes é a festa da unidade, é a festa da luz diante das trevas do pecado e da morte. É a festa do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, caminho, verdade e vida. Os Apóstolos receberam o poder do Espírito Santo que desceu sobre eles para serem testemunhas de Jesus em Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria, e até os confins da terra.
São Cirilo de Jerusalém disse que o Espírito Santo é a luz divina que esclarece tudo para a glória de Deus e para a salvação humana. O Espírito Santo age nas pessoas se o coração delas for aberto às suas inspirações, em vista da conversão de vida e na unidade com Jesus Cristo e com o Pai. O Espírito Santo santifica aqueles que estão abertos a ele a aos irmãos na Caridade. O Espírito concede a todos a sua graça, guia e Ilumina a todos ao conhecimento de Deus, guia os profetas, torna sábios os humildes, consagra os sacerdotes, dá o dom da santificação, ressuscita os mortos, liberta os cativos de suas prisões e muito mais.
São Leão Magno afirmou que o Espírito Santo sopra onde quer de modo que as línguas próprias de cada povo, tornaram-se comuns nos lábios da Igreja. Bonito isso, não é?
É da própria essência do Espírito Santo ir ao encontro das pessoas. O Espírito age na história da salvação a partir daquela primeira manifestação como de línguas de fogo, que possibilitou o início da pregação do Evangelho a todas as nações, acabando-se as barreiras criadas pela sociedade que excluíam alguns povos dos demais. Ele reúne os fiéis e os motivam para o testemunho e comunica os dons invisíveis a cada um, unindo assim os dons da fé, da esperança e da caridade numa verdadeira e total unidade. O Espírito Santo leva os homens e mulheres para uma melhor compreensão dos avisos vindos do céu e para a única e verdadeira comunhão, que é a unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Trindade Santíssima.
Pentecoste é um dos grandes acontecimentos bíblicos relacionados ao Espírito Santo. Por meio de Pentecoste, o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos e discípulos de Jesus e os capacitou a viver vidas transformadas. Por meio da Ação do Espírito Santo, os discípulos se tornaram mensageiros corajosos da Palavra de Deus para toda a humanidade. A igreja é chamada a viver o mesmo testemunho de fé e ousadia hoje. Que possamos, como igreja, buscar o Espírito Santo em oração e abraçar sua ação em nossas vidas para que possamos cumprir a vontade de Deus. Assim, poderemos viver uma vida com propósito e direcionada pela Palavra de Deus, testemunhando o amor de Jesus Cristo ao mundo. Aproveite agora e descubra como o Espírito Santo pode transformar sua vida. (reze)
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor.Enviai, o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra.
Oremos.
Ó Deus, que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso.
Amém!
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O LVII DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
(21 de maio de 2023)
«Falar com o coração. “Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15)»
Estimados irmãos e irmãs!
Depois de ter refletido, nos anos anteriores, sobre os verbos «ir e ver» e «escutar» como condição necessária para uma boa comunicação, com esta Mensagem para o LVII Dia Mundial das Comunicações Sociais gostaria de me deter sobre o «falar com o coração». Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora. Após o nosso treino na escuta, que requer saber esperar e paciência, e o treino na renúncia a impor em detrimento dos outros o nosso ponto de vista, podemos entrar na dinâmica do diálogo e da partilha que é, em concreto, comunicar cordialmente. E, se escutarmos o outro com coração puro, conseguiremos também falar testemunhando a verdade no amor (cf. Ef 4, 15). Não devemos ter medo de proclamar a verdade, por vezes incómoda, mas de o fazer sem amor, sem coração. Com efeito «o programa do cristão – como escreveu Bento XVI – é “um coração que vê”» [1]. Trata-se de um coração que revela, com o seu palpitar, o nosso verdadeiro ser e, por essa razão, deve ser ouvido. Isto leva o ouvinte a sintonizar-se no mesmo comprimento de onda, chegando ao ponto de sentir no próprio coração também o pulsar do outro. Então pode ter lugar o milagre do encontro, que nos faz olhar uns para os outros com compaixão, acolhendo as fragilidades recíprocas com respeito, em vez de julgar a partir dos boatos semeando discórdia e divisões.
Jesus chama-nos a atenção de que cada árvore se conhece pelo seu fruto (cf. Lc 6, 44). De igual modo «o homem bom, do bom tesouro do seu coração, tira o que é bom; e o mau, do mau tesouro, tira o que é mau; pois a boca fala da abundância do coração» (6, 45). Por conseguinte, para se poder comunicar testemunhando a verdade no amor, é preciso purificar o próprio coração. Só ouvindo e falando com o coração puro é que podemos ver para além das aparências, superando o rumor confuso que, mesmo no campo da informação, não nos ajuda a fazer o discernimento na complexidade do mundo em que vivemos. O apelo para se falar com o coração interpela radicalmente este nosso tempo, tão propenso à indiferença e à indignação, baseada por vezes até na desinformação que falsifica e instrumentaliza a verdade.
Comunicar cordialmente
Comunicar cordialmente quer dizer que a pessoa que nos lê ou escuta é levada a deduzir a nossa participação nas alegrias e receios, nas esperanças e sofrimentos das mulheres e homens do nosso tempo. Quem assim fala, ama o outro, pois preocupa-se com ele e salvaguarda a sua liberdade, sem a violar. Podemos ver este estilo no misterioso Viandante que dialoga com os discípulos a caminho de Emaús depois da tragédia que se consumou no Gólgota. A eles, Jesus ressuscitado fala com o coração, acompanhando com respeito o caminho da sua amargura, propondo-Se e não Se impondo, abrindo-lhes amorosamente a mente à compreensão do sentido mais profundo do sucedido. De facto, eles podem exclamar com alegria que o coração lhes ardia no peito enquanto Ele conversava pelo caminho e lhes explicava as Escrituras (cf. Lc 24, 32).
Num período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol duma comunicação «de coração e braços abertos» não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um. Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor. De modo particular nós, cristãos, somos exortados a guardar continuamente a língua do mal (cf. Sl 34, 14), pois com ela – como ensina a Escritura – podemos bendizer o Senhor e amaldiçoar os homens feitos à semelhança de Deus (cf. Tg 3, 9). Da nossa boca, não deveriam sair palavras más, «mas apenas a que for boa, que edifique, sempre que necessário, para que seja uma graça para aqueles que a escutam» (Ef 4, 29).
Por vezes, o falar amável abre uma brecha até nos corações mais endurecidos. Encontramos vestígios disto na própria literatura; penso naquela página memorável do cap. XXI do livro Promessi Sposi, onde Luzia fala com o coração ao Inominável até que este, desarmado e atormentado por uma benéfica crise interior, cede à força gentil do amor. Experimentamo-lo na convivência social, onde a gentileza não é questão apenas de «etiqueta», mas um verdadeiro antídoto contra a crueldade, que pode, infelizmente, envenenar os corações e intoxicar as relações. Precisamos daquele falar amável no âmbito dos mass media, para que a comunicação não fomente uma aversão que exaspere, gere ódio e conduza ao confronto, mas ajude as pessoas a refletir calmamente, a decifrar com espírito crítico e sempre respeitoso a realidade onde vivem.
A comunicação de coração a coração: «Basta amar bem para dizer bem»
Um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste «falar com o coração» temo-lo em São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, a quem dediquei recentemente a Carta Apostólica Totum amoris est, nos 400 anos da sua morte. A par deste aniversário importante e relacionado com a mesma circunstância, apraz-me recordar outro que se celebra neste ano de 2023: o centenário da sua proclamação como padroeiro dos jornalistas católicos, feita por Pio XI com a Encíclica Rerum omnium perturbationem. Mente brilhante, escritor fecundo, teólogo de grande profundidade, Francisco de Sales foi bispo de Genebra no início do século XVII, em anos difíceis marcados por animadas disputas com os calvinistas. A sua mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos, e de modo especial com quem se lhe opunha, fizeram dele uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus. Dele se pode dizer que as suas «palavras amáveis multiplicam os amigos, a linguagem afável atrai muitas respostas agradáveis» ( Sir 6, 5). Aliás uma das suas afirmações mais célebres – «o coração fala ao coração» – inspirou gerações de fiéis, entre os quais se conta São John Henry Newman que a escolheu para seu lema: Cor ad cor loquitur. «Basta amar bem para dizer bem»: constituía uma das suas convicções. Isto prova como, para ele, a comunicação nunca deveria reduzir-se a um artifício, a uma estratégia de marketing – diríamos nós hoje –, mas era o reflexo do íntimo, a superfície visível dum núcleo de amor invisível aos olhos. Para São Francisco de Sales, precisamente «no coração e através do coração é que se realiza aquele subtil e intenso processo unitário em virtude do qual o homem reconhece a Deus» [2]. «Amando bem», São Francisco conseguiu comunicar com o surdo-mudo Martinho tornando-se seu amigo, e daí ser recordado também como protetor das pessoas com deficiências comunicativas.
Éa partir deste «critério do amor» que o santo bispo de Genebra nos recorda, através dos seus escritos e do próprio testemunho de vida, que «somos aquilo que comunicamos»: uma lição contracorrente hoje, num tempo em que, como experimentamos particularmente nas redes sociais, a comunicação é muitas vezes instrumentalizada para que o mundo nos veja, não por aquilo que somos, mas como desejaríamos ser. São Francisco de Sales difundiu em grande número cópias dos seus escritos na comunidade de Genebra. Esta intuição «jornalística» valeulhe uma fama que superou rapidamente o perímetro da sua diocese e perdura ainda nos nossos dias. Como observou São Paulo VI, os seus escritos suscitam «uma leitura sumamente agradável, instrutiva e estimulante» [3]. Pensando no atual panorama da comunicação, não são estas precisamente as caraterísticas de que se deveriam revestir um artigo, uma reportagem, um serviço radiotelevisivo ou uma mensagem nas redes sociais? Possam os agentes da comunicação sentir-se inspirados por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade, mas rejeitando a tentação de usar expressões sensacionalistas e agressivas.
Falar com o coração no processo sinodal
Como já tive oportunidade de salientar, «também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros» [4].
Duma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs. Sonho uma comunicação eclesial que saiba deixar-se guiar pelo Espírito Santo, gentil e ao mesmo tempo profética, capaz de encontrar novas formas e modalidades para o anúncio maravilhoso que é chamada a proclamar no terceiro milénio. Uma comunicação que coloque no centro a relação com Deus e com o próximo, especialmente o mais necessitado, e esteja mais preocupada em acender o fogo da fé do que em preservar as cinzas duma identidade autorreferencial. Uma comunicação, cujas bases sejam a humildade no escutar e o desassombro no falar e que nunca separe a verdade do amor.
Desarmar os ânimos promovendo uma linguagem de paz
«A língua branda pode até quebrarossos»: lê-se no livro dos Provérbios (25, 15). Hoje é tão necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz, onde há guerra; para abrir sendas que permitam o diálogo e a reconciliação, onde campeiam o ódio e a inimizade. No dramático contexto de conflito global que estamos a viver, urge assegurar uma comunicação não hostil. É necessário vencer «o hábito de denegrir rapidamente o adversário, aplicando-lhe atributos humilhantes, em vez de se enfrentarem num diálogo aberto e respeitoso» [5]. Precisamos de comunicadores prontos a dialogar, ocupados na promoção dum desarmamento integral e empenhados em desmantelar a psicose bélica que se aninha nos nossos corações, como exortava profeticamente São João XXIII na Encíclica Pacem in terris: «a verdadeira paz entre os povos não se baseia em tal equilíbrio [de armamentos], mas sim e exclusivamente na confiança mútua» (n.º 113). Uma confiança que precisa de comunicadores não postos à defesa, mas ousados e criativos, prontos a arriscar na procura dum terreno comum onde encontrar-se. Também agora, como há 60 anos, a humanidade vive uma hora escura temendo uma escalada bélica, que deve ser travada o mais depressa possível, inclusivamente em termos de comunicação. Fica-se apavorado ao ouvir com quanta facilidade se pronunciam palavras que invocam a destruição de povos e territórios; palavras que, infelizmente, se convertem muitas vezes em ações bélicas de celerada violência. Por isso mesmo há que rejeitar toda a retórica belicista, assim como toda a forma de propaganda que manipula a verdade, deturpando-a com finalidades ideológicas. Em vez disso seja promovida, a todos os níveis, uma comunicação que ajude a criar as condições para se resolverem as controvérsias entre os povos.
Como cristãos, sabemos que é precisamente na conversão do coração que se decide o destino da paz, pois o vírus da guerra provém do íntimo do coração humano [6]. Do coração brotam as palavras certas para dissipar as sombras dum mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que aquela que recebemos. É um esforço que é exigido a todos e cada um de nós, mas faz apelo de modo particular ao sentido de responsabilidade dos agentes da comunicação a fim de realizarem a própria profissão como uma missão.
Que o Senhor Jesus, Palavra pura que brota do coração do Pai, nos ajude a tornar a nossa comunicação livre, limpa e cordial.
Que o Senhor Jesus, Palavra que Se fez carne, nos ajude a colocar-nos à escuta do palpitar dos corações, para nos reconhecermos como irmãos e irmãs e desativarmos a hostilidade que divide.
Que o Senhor Jesus, Palavra de verdade e caridade, nos ajude a dizer a verdade no amor, para nos sentirmos guardiões uns dos outros.
Roma – São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2023.
FRANCISCO
REFERENCIAS:
[1] Carta enc. Deus caritas est (25/XII/2005), 31.
[2] Carta ap. Totum amoris est (28/XII/2022).
[3] Epístola apostólica Sabaudiae gemma, no IV centenário do nascimento de São Francisco de Sales, Doutor da Igreja (29/I/1967).
[4] Mensagem para o LVI Dia Mundial das Comunicações Sociais (24/I/2022).
[5] Francisco, Carta enc. Fratelli tutti (03/X/2020), 201.
[6] Cf. Francisco, Mensagem para o LVI Dia Mundial da Paz a 1 de janeiro de 2023 (08/XII/2022), 4.
Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana